Resistência
Resistência
Por Helena Theodoro
Enfim tivemos carnaval, mesmo fora de época. As escolas de samba ficaram se preparando por dois anos para esta apresentação, cheias de dúvidas sobre a efetivação do evento, mas sem parar de produzir em suas quadras e barracões, fazendo poesia, cantando, ensaiando e construindo seu mundo de ilusões.
Com um presente sombrio, os sambistas foram se abrigar em sua ancestralidade, que tanto sofreu, que viajou pelo Atlântico, conseguindo sobreviver subindo becos e vielas, formando quilombos, além de meios e modos de manter suas vidas e histórias. Assim sendo, nada mais natural do que aprender com a lição de ontem, aperfeiçoando num hoje, forjando um belo amanhã. As escolas de samba nos deram esse exemplo.
Foram buscar em suas histórias e crenças a força para mostrar seus valores e sua fé na vida. Essa fé se revelou em sua capacidade de se comunicar e de transformar o mundo com caminhos e olhares novos que permitem crescimento e bom viver. Usando seus
itans, histórias contadas pelos mais antigos, mostraram energias capazes de superar a dor e as dificuldades. Num processo de comunicação total, usou seus corpos em movimento, reproduzindo as energias vitais, trazendo seus orixás, inquices e vodus que representam o ar, a água, a terra e o fogo, com o resultado do movimento (EXU) que nos dá as folhas, as árvores, os animais em diferentes espaços e formas.
Fonte: Congresso em Foco
O Salgueiro cantou a resistência do povo preto e as histórias do griot Djalma Sabiá. Foto: Mariana Maiara.
02/07/2022